quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Entrevista ao jornal Defesa de Espinho

Como surgiu esta sua candidatura à Assembleia Municipal, nas listas do Movimento Independente Força Espinho?
Surgiu através do convite que me foi endereçado pelo Dr. Correia de Araújo e pela Maria Goreti, os grandes dinamizadores e impulsionadores da Força Espinho.

E porque resolveu aceitar?
Entendi aceitar, desde logo, por se tratar de um movimento independente, constituído por um conjunto de cidadãos que se propõem trabalhar em conjunto em prol do Concelho de Espinho, sem estarem presos aos ditames e aos directórios das estruturas partidários, que muitas vezes colocam o interesse particular do partido à frente dos interesses, que devem ser soberanos, do desenvolvimento de Espinho. Por outro lado, porque acredito na cidadania participativa, e desse ponto de vista, é-me dada a oportunidade de participar e de contribuir, de forma independente e activa, nos desafios que se colocam ao Concelho.

No entanto é novo nestas andanças?
Se se refere à questão da participação na vida política ‘formal’ se assim se pode dizer, é um facto. Se se entender a participação e a vida política de uma forma mais ampla, então pode-se dizer que tenho tido já algumas experiências, nomeadamente no domínio do associativismo, para além de um acompanhamento relativamente atento da cena política do Concelho, onde tenho assistido a várias sessões da Assembleia Municipal, onde, inclusive, intervim recentemente no período do público, numa acção a favor do prolongamento do enterramento da linha férrea, no âmbito da participação no Movimento Pró-enterramento da Linha Férrea na Marinha de Silvalde (MOPELIM).

É uma questão que saltou recentemente para a agenda do combate político…
Sim, sem dúvida. Surgiu porque as pessoas e os habitantes só agora, com o decorrer das obras é que começaram a perceber os verdadeiros efeitos e impactos da mesma, e revoltaram-se com a situação. E dada a proximidade de eleições é natural que algumas forças tenham querido tirar proveitos políticos de forma indecorosa, porquanto até então nada tinham feito, defendendo até o actual projecto. Mas a minha posição não vem de agora, apenas com o revolver das águas. Já no início de todo o processo, ainda em 1999, tive oportunidade de intervir na Assembleia Municipal e de chamar a atenção para a necessidade da área da Marinha ser considerada nesta intervenção por forma a que aquilo que seria a resolução de um problema e de um transtorno num troço da cidade, não se transformasse num problema e em transtornos acrescidos para outras partes da cidade. Também referi a necessidade de se pensar em formas de informação e envolvimento efectivo da população, mas tal não veio a acontecer. O processo, como se sabe, tem vindo a ser mal conduzido, sem que a população alguma vez tivesse sido informada e questionada sobre o assunto. Daí toda esta situação.

Porque defende o prolongamento?
Antes de discutir o prolongamento, há uma questão prévia que é a do debate sobre a oportunidade do enterramento da linha. Se haveria ou não lugar para esta obra! Estando ultrapassada essa fase, e fazendo-se o enterramento da linha, então defendo que tal não se deve fazer à custa da criação de problemas e de transtornos acrescidos a outras partes da cidade. Mas não só por isso. Defendo o prolongamento do enterramento da linha, entendido no quadro de uma intervenção mais abrangente e ambiciosa, numa perspectiva de longo prazo, e não vista apenas na execução de uma obra solta, com o objectivo de se fazer e de mostrar obra. Esta obra que se vê, não é a obra que Espinho precisa.

Qual é essa sua proposta?
A minha proposta vai no sentido de uma intervenção qualificadora, que para além da intervenção no espaço libertado á superfície, permitindo futuramente a sua fruição segura e descontraída, se possa constituir como uma âncora de atracção de visitantes e de actividades de recreio e de lazer, e servir de palco às mais variadas manifestações de índole artístico, cultural, social e político. Mas mais do que isto é a oportunidade única, que pelos vistos se vai perder, de contribuir para a unificação e coesão interna da cidade, e da consolidação de uma nova centralidade urbana em torno do Fórum de Arte e Cultura de Espinho (FACE), da criação de um Centro Intermodal de Transportes, e da criação de um grande espaço público de praça, possibilitando também o desenvolvimento urbano qualificado da cidade para Sul.

Mas as obras estão aí, e parece difícil voltar atrás…
É verdade. Mas não se pode ver isso como uma luta perdida. Tem-se de trabalhar quotidiana e arduamente na sensibilização dos agentes políticos e dos demais cidadãos espinhenses para estas questões. O problema que se coloca é que as intervenções e as acções são pensadas para o curto prazo, para o calendário eleitoral, e é preciso mostrar obra. Ora, intervenções como a que se propõe, pressupõem uma visão mais alargada, entendida no longo prazo.

E a Força Espinho tem esse entendimento?
Os elementos que integram a Força Espinho acreditam nesse entendimento. E quem já contactou com o nosso programa eleitoral certamente que também o confirmará. Já agora, e não querendo julgar em causa própria, aproveito a oportunidade para referir a extraordinária capacidade e coragem que a Força Espinho demonstrou, enquanto movimento independente recém formado, e sem o apoio das máquinas partidárias, ao lançar um programa tão amplo, profundo e completo como este, em tão pouco tempo, com contributos de vários apoiantes e simpatizantes, para além dos elementos que a constituem. Este é de facto o espírito da Força Espinho, marcado por uma atitude de participação efectiva. E respondendo à questão, o programa deixa logo bem claro no título o que se pretende: Espinho, Rumo a 2025, cuja base de entendimento assenta precisamente na construção de uma Estratégia de Desenvolvimento do Concelho de Espinho, através do envolvimento e participação dos espinhenses.

Dito dessa forma parece que não têm estratégia?
O que dizemos é que o futuro de Espinho é uma responsabilidade partilhada, entre autarcas e munícipes, e que a estratégia vai ser construída com a contribuição de todos. Mas não se pense que a Força Espinho não tem estratégia para o Concelho! Enquanto movimento político, reflectimos sobre o futuro de Espinho, e temos os nossos próprios contributos. É nesse sentido que defendemos como objectivos globais a afirmação de Espinho no contexto regional, constituir-se como concelho de excelência para as actividades humanas, assumir-se como “cidade das cidades” (da cultura, do desporto, da formação, do ambiente, da inclusão, da inovação), projectar-se como destino turístico multifacetado e qualificado, e constituir-se como município referência em boas práticas de planeamento, urbanismo e da qualidade de vida. Agora pretendemos é que tais objectivos globais sejam conseguidos com o envolvimento da população de Espinho, porque cabe aos espinhenses assumir decisivamente o seu futuro.

Que matérias versam o Programa Eleitoral da Força Espinho?
Como dizia há pouco, o programa apresenta-se bastante composto, e é difícil de enumerar, ou de destacar uma ou outra acção em particular. Mas a verdade é que nos debruçamos em vários sectores julgados essenciais. Desde logo a Educação e a Formação, aliadas à Cultura, ao Desporto e à Juventude; o Ambiente e os Recursos Naturais, conjugados com o Planeamento e Ordenamento do Território, prestando óbvias atenções também às questões da Habitação e da Acessibilidade e Mobilidade; da Saúde e da Acção Social; e às Actividades Sócio-económicas, com especial relevo para as questões do Turismo e do Lazer; e também a administração Autárquica e o Envolvimento Cívico.

Em que é que a Força Espinho se distingue das demais candidaturas?
Bem, pelo que se foi dizendo ao longo desta conversa, e sem pretensiosismos, eu diria que em muito do que foi explanado. Mas há na verdade, uma característica intrínseca diferenciadora que é o facto de esta ser uma força constituída e construída com base na participação voluntária dos seus elementos, que congregam e partilham uma nova forma de estar e de fazer política no Concelho de Espinho. A espinha dorsal desta candidatura baseia-se efectivamente num conjunto de valores formados por preocupações de coesão e solidariedade, pelo princípio da sustentabilidade, transversabilidade e integração das políticas, por objectivos de coerência e de competitividade e, por último mas talvez mais importante que tudo, no envolvimento e na participação dos espinhenses. Se preferir, tudo se resume a uma preocupação unificadora que são as pessoas. Em resumo, a grande preocupação são as pessoas, porquanto são elas as destinatárias das políticas e das acções. De um ponto de vista emotivo, se quiser, trata-se da afirmação concreta de uma nova atitude, debaixo de um mesmo denominador comum que nos une a todos e que é o Amor por Espinho!

O que tem a dizer aos espinhenses sobre o dia 9 de Outubro?
Digo para os espinhenses unirem as suas forças em torno das nossas forças, para que Espinho seja uma grande Força. Contamos com a força de todos os espinhenses. E todos os espinhenses podem contar com a nossa força.

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